Alunos da EJA estreiam documentário no Sesc Casa Amarela

imagem de flavia
Foto: Paulo H./Detec

Recontar histórias de vida e reviver brincadeiras de infância. Foi com esse objetivo que alunos da Modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Municipal da Mangabeira, no Recife, produziram o documentário Aquela Velha Infância, que estreou na última quinta-feira, 4, às 19h, no Sesc Casa Amarela. Na ocasião também foi realizada noite de autógrafo do livro de mesmo nome, escrito pelos estudantes da EJA.

O projeto, orientado pela professora Sandra Amorim, na Unidade de Tecnologia na Educação Sítio Trindade (UTEC), propôs levar o cinema para dentro da escola através de exibição de longas e curtas metragens. Sandra conta que o interesse pela Sétima Arte foi imenso e que os alunos se propuseram a reviver as histórias e brincadeiras de crianças para fazer um documentário com os depoimentos. Os estudantes participaram de todo o processo de produção do doc, desde a gravação até a edição final da película.

O trabalho também visou resgatar um pouco da vida desses estudantes, que por serem EJA, possuem estatisticamente e historicamente menos oportunidades de desfrutarem de seus direitos sociais, como educação na idade adequada. Em alguns casos, as necessidades de suas realidades os levam a desenvolver, por exemplo, atividades de trabalho infantil, o que gera um alto índice de evasão escolar durante o ensino regular. “Mas eles são muito engajados e toparam a ideia de falar sobre a infância. No documentário eles puderam se expressar, reviver as brincadeiras de criança. Para muitos a infância perdeu lugar para o trabalho, desde muito cedo”, contou a professora Sandra Amorim.

Durante o primeiro semestre, os estudantes vivenciaram exibição de filmes, produção de textos, rodas de conversa, oficinas de brinquedos, brincadeiras e ida ao cinema, muitos deles pela primeira vez. Eliane Felix, 45 anos, foi uma das estudantes que nunca tinha ido a um cinema e a primeira vez, no Sesc Casa Amarela, foi através de um passeio levado pela professora. “Foi maravilhoso. Por falta de condições nunca pude ir, e a escola, junto à professora, pode nos proporcionar esse momento”, disse Eliane.

A aluna também contou da felicidade em estar na escola e de estrear no cinema. “Nunca imaginei em me ver em uma tela de cinema. Mas estamos muito realizados, porque é resultado do nosso esforço, do nosso trabalho. Voltar à escola foi uma alegria, tenho mais motivos para sorrir, fiz amigos, estou mais feliz”, pontuou Eliane.

Josélia Maria Vieira participou da produção do documentário e sua história também faz parte do livro. Ela fez uma comparação entre as brincadeiras na época que era criança e a diversão das crianças atualmente. “Escrevi sobre a velha infância e a nova infância. Percebo que hoje em dia as brincadeiras das crianças são jogos em celular ou computador. Elas nem brincam juntos, ficam sozinhas. Minha infância não foi fácil, comecei a trabalhar cedo, mas lembro que brincava com meus irmãos de pega-pega, de esconder e de queimado”, recordou.

Aproximadamente 30 estudantes de duas turmas da EJA participaram do projeto. Além da produção do documentário e do livro, eles ainda confeccionaram os brinquedos da “velha infância” que foram utilizados na película. As professoras das turmas da EJA Glauciene Santos e Carla apoiaram o projeto desde o inicio e prestigiaram o evento, assim como Antônia Mendes, da equipe de Cinema da Diretoria Executiva de Tecnologia na Educação; Valdelúzia Coelho e Kátia dos Santos, gestoras da UTEC Sítio Trindade; Patrícia Delgado, gestora da Escola da Mangabeira e Breno Fittipaldi, supervisor de Cultura do Sesc Casa Amarela.

Foto: Paulo H./Detec