Aulas de música reacendem interesse cultural nos estudantes da Rede Municipal do Recife

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rede municipal conta atualmente com 26 bandas marciais e já entregou mais de 3 mil instrumentos musicais para as escolas; expectativa é de formar 50 bandas até 2024. Foto: Paulo Melo/PCR

Musicalizar, para o dicionário, significa dar forma musical, transformar em música. Dentro de uma escola, o ato ganha um novo significado: transformar vidas. É assim que o Núcleo de Atividades Culturais (NAC), da Secretaria de Educação do Recife, tem trabalhado a musicalização dentro das escolas da Rede Municipal da capital pernambucana. Seja nas aulas dentro da sala, ensinando a tocar instrumentos musicais, ou na formação de bandas marciais, a música tem levado cultura e transformado o dia a dia escolar de muitos estudantes.

Atualmente, são 26 escolas da Rede Municipal de Ensino da cidade com bandas e 22 unidades com atividades de musicalização, somando um total de 1.500 estudantes atendidos. Ao todo, já foram entregues mais de 3.600 instrumentos musicais para as escolas, o que impacta diretamente na formação de novos grupos. A expectativa é de que, até 2024, o Recife possa contar com 50 bandas marciais. 

O incentivo começa dentro da escola. As aulas de musicalização acontecem três vezes na semana, além do sábado, oferecendo 16 horas semanais de atividades. Na Escola Municipal Antônio Farias Filho, localizada em San Martin, na Zona Oeste, as turmas de música já contam com 35 estudantes. A unidade, que possui banda marcial há 19 anos, trabalha com instrumentos de sopro, como trompete, trombone, tuba e trompas, além de percussão, como bombo e caixa. 

“Através do trabalho de musicalização conseguimos ver a mudança do aluno como um todo. A música é uma ferramenta que traz benefícios para eles como pessoa, porque também trabalha o cognitivo e o social. Em sala, além da parte musical e dos instrumentos, também trabalhamos disciplina. Minha maior gratificação é quando os outros professores vêm até mim para questionar o que fiz com tal estudante, porque sentem a diferença dele em sala de aula. Fico muito feliz com a evolução deles, porque sempre tento fazer com que eles entendam que podem fazer a diferença onde eles habitam, tanto na escola quanto na comunidade onde vivem”, destacou o professor Alexandro de Souza, que dá aulas de música há 19 anos. 

Essa mudança também é percebida na fala dos próprios estudantes. “A banda mudou minha vida. Via os desfiles e sempre tive interesse em participar. Já vai fazer um ano que faço parte. Esse trabalho me faz ter mais vontade de estar na escola, comecei a estudar mais e me dedicar mais, minhas notas melhoraram e tenho mais disciplina. É muito importante que as escolas tenham esses projetos, ajudando muitas crianças e jovens a mudarem a realidade”, enfatizou Jayane Sabrina, estudante do 9º ano.  

O mesmo aconteceu com Lucas Gabriel. Aluno do 8º ano, o jovem sempre foi apaixonado por música e, após o projeto de musicalização nas escolas, pretende seguir carreira profissional. “Antigamente eu via as bandas nos filmes, pegava uma vassoura em casa e começava a imitar, como se tivesse tocando também. Hoje, com a escola, posso fazer isso de verdade. Gosto muito das aulas e futuramente quero entrar para a Aeronáutica e fazer parte da banda de lá. A música sempre esteve comigo e é muito legal poder ter acesso a ela dentro da escola”, contou o menino, que tem como instrumento musical preferido o trombone. 

Gestora da E.M. Antônio Farias Filho desde 2015, Sandra Nascimento fez questão de reforçar o poder da influência da música até nas disciplinas tradicionais do currículo escolar. “Os professores têm percebido que os estudantes que vêm das aulas de músicas apresentam uma concentração e um desempenho maior na sala de aula. Temos notado um avanço importante em termos de aprendizagem e isso é gratificante”, complementou. 

“A importância de um trabalho desse tipo nas escolas é promover a música e a dança como uma ferramenta de inclusão social. Isso faz o bom andamento do estudante dentro da sala de aula e também com que ele possa vivenciar a nossa cultura. O tempo em que o menino ou a menina está dentro da escola fazendo arte, tocando e se expressando, também está sendo construída ali a cidadania, levando para a comunidade referências de que a escola é um espaço de inclusão”, finalizou Genivaldo Francisco, gestor do NAC. 

Fotos: Paulo Melo/PCR