Classe Hospitalar Semear comemora sete anos de existência neste domingo (6)

imagem de Guilherme Vila Nova
Objetivo da iniciativa é garantir a continuidade dos estudos de estudantes em tratamento por doenças crônicas

O ambiente escolar não pode ser apenas aquele que estamos acostumados a ver. Para levar a uma criança o acesso à educação, todo e qualquer local pode ser transformado em uma escola, basta ter alguém determinado a aprender e um profissional cheio de amor e dedicação ao ensinar. E foi com esse propósito que nasceu a Classe Hospitalar Semear, que neste domingo (6) celebra os seus sete anos de existência. 

O objetivo da Classe Hospitalar é atender estudantes da Educação Infantil (grupos 4 e 5) e Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) em tratamento causado por doença crônica, garantindo que, mesmo durante este período, os estudantes possam dar continuidade aos estudos, evitando assim perder a conexão com a escola de origem. É importante destacar que o processo de ensino e aprendizagem contribui para o tratamento, fazendo com que a rotina hospitalar seja amenizada.

A iniciativa surgiu a partir de um convênio realizado entre a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Educação, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz e o Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer Pernambuco (GAC-PE), e entrou em ação em 2015, instituída na Rede Municipal de Ensino do Recife. 

Silene Cabral é professora da Classe Hospitalar Semear desde 2018. A docente garante que era um sonho poder trabalhar assim, auxiliando crianças que precisam estar por um período longe da escola, por conta do tratamento médico. “Hoje me sinto uma pessoa muito realizada e grata pela experiência. A educação é um direito para toda criança, esteja ela dentro ou fora do hospital. E com essa iniciativa conseguimos garantir esse direito a elas. Atuando na Classe Hospitalar a gente aprende a ter paciência, resiliência e organizar as atividades de acordo com o tempo e as crianças de cada criança”, contou. 

Desde a implantação, a Classe Hospitalar, que está ligada à Escola Municipal Cidadão Herbert de Souza, em Santo Amaro,  já atendeu 215 estudantes. Compõem o projeto duas professoras e uma técnica pedagógica da Gestão de Rede.  Assim como na dinâmica da escola regular, a classe segue o calendário do ano letivo da Rede Municipal do Recife, contando com materiais disponíveis para os alunos, como mesa interativa, livros literários, tablets e jogos. 

“Esse trabalho é pertinente e muito significativo. A classe é um espaço onde os professores podem contribuir com a quebra da dor dessas crianças. Costumo dizer que quando eles vão para a sala de aula, é como se eles entrassem em um portal de saída do hospital, se desconectando um pouco do ambiente de dor para viver um momento mais parecido com o que era cotidiano deles”, destacou Priscila Angelina Silva, técnica pedagógica da Secretaria Executiva de Gestão de Rede (SEGRE) da Secretaria de Educação do Recife. 

Com esse suporte, o estudante consegue ficar a par dos assuntos que estão sendo abordados na sala de aula tradicional e, ao final do tratamento médico, pode retornar à sua escola de origem para dar continuidade ao seu ano letivo. 

“Acredito que é através da educação que a criança inicia a sua formação e consegue entrar na concorrência, independente da classe social, para qualquer profissão que desejar seguir. O projeto teve uma repercussão enorme na vida desses estudantes, tendo inclusive alguns pacientes que, com a ajuda dos professores da classe, foram além do que era oferecido, chegando a concluir o ensino médio, prestar vestibular e se profissionalizar no curso escolhido”, concluiu Vera Morais, presidente do GAC-PE.