Estude como uma garota: no mês da mulher, experiência de igualdade de gênero tem feito sucesso em classe com pequenos

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Professor investe em biografias femininas e utiliza linguagens múltiplas com enfoque na mulher para promover igualdade entre meninos e meninas. Foto: Reprodução/Globo

É na Escola Municipal Santa Maria Goretti, no Vasco da Gama, que o professor Josinaldo Carlos de Lima Bernardo tem implantado uma metodologia diferente para promover o letramento de 17 crianças do 3º ano do Ensino Fundamental e ajudar a diminuir a distância e segregação entre meninos e meninas. Com o projeto “Estude como uma garota”, Bernardo (como ele se apresenta) tem conquistado o coração da garotada, turma formada por 9 meninas e 8 meninos, grupo que ele acompanha desde que eram do 2º ano.

A experiência surgiu de forma quase espontânea quando, no último ano, ao trabalhar poemas de Cecília Meireles ele foi perguntado por uma aluna se Cecília Meireles era viva e se podiam conhecê-la pessoalmente. A partir de então, ele optou por incorporar o gênero de biografia às aulas de letramento para que seus estudantes pudessem conhecer personalidades artísticas. No mês da mulher, ele optou por trabalhar nomes como Malala, Lia de Itamaracá, Ana das Carrancas e outras mulheres que vão incorporando envergadura ao repertório das aulas, bem como ampliam o debate sobre empoderamento feminino. 

Atualmente o recorte é para mulheres negras e que possuem uma vida exemplar para outras semelhantes através da leitura de poemas de Maria Carolina de Jesus, além da audição e estudo de músicas de artistas como Elza Soares. O trabalho ainda apela para reportagens ou sessões de filmes como Mulher Maravilha. Segundo Bernardo, a prática alfabetizadora tem sido gratificante e promove a diminuição da distância, da segregação e diferenças entre meninos e meninas. “Já é possível perceber, através de um processo avaliativo, que esse conjunto de experiências, saberes e práticas pedagógicas tem ajudado as crianças, através dos trabalhos coletivos, no desenvolvimento de práticas do convívio social como o diálogo com os colegas, o respeito aos turnos de fala e principalmente na construção de um ambiente harmônico e solidário”, revela o professor

Maria da Penha vai à Escola - Lançado em 2013 como uma campanha de prevenção contra a violência de gênero nas escolas da rede municipal de ensino do Recife, o Programa Maria da Penha vai à Escola elevou-se à categoria de ação em 2014, sendo implementado por decreto (n° 28.980) em 2015. Atualmente, o programa já alcançou 299 escolas das 310 unidades de ensino da rede municipal. No total, o programa já beneficiou 13.910 alunos entre 8 e 17 anos, além de 5.197 professores, gestores, pais e mães de alunos. O programa prega uma educação não-sexista e inclusiva, que promova relações de igualdade entre homens e mulheres. Entre as atividades promovidas, há oficinas lúdico-pedagógicas, rodas de diálogos com pais, debates, construção de fanzines, além da utilização de jogos digitais.