PCR promove palestras motivacionais para professores afastados de sala de aula

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Em todo o Brasil, os afastamentos dos docentes se dão mais por problemas de saúde mental, como depressão e síndrome pânico. Foto: Luciano Ferreira/PCR

A Prefeitura do Recife, através da Secretaria Municipal de Educação, promoveu, nesta segunda-feira (07), palestras motivacionais para os professores readaptados - afastados de sala de aula por problemas de saúde. Com o tema "Prevenção de saúde mental e valorização da vida", as palestras realizadas na Escola de Formação de Educadores Paulo Freire, na Madalena, tiveram os objetivos de ajudar os docentes que hoje desempenham outras funções na Secretaria de Educação a refletirem sobre as causas que os levaram ao adoecimento, sobretudo emocional, além de incentivá-los a procurar estratégias para o fortalecimento da autoestima, visando o bem estar físico, psicológico e social.

Atualmente, 657 professores da rede municipal de ensino do Recife estão readaptados de função, sendo 191 em readaptação temporária e 466 readaptados definitivamente. Do total, 167 docentes encontram-se readaptados por problemas de voz, 354 por adoecimentos emocionais e 136 apresentaram outras doenças. 

"Em todo o Brasil, os afastamentos de professores se dão mais por problemas de saúde mental, como depressão e síndrome pânico, ocasionando até tentativa de suicídio. Sabemos que muitos desses docentes ficam com a autoestima baixa por causa das doenças e da necessidade de afastamento de sala de aula, por isso sentimos a necessidade de valorizar essa categoria de professores que não estão mais dando aula, mas que dão uma contribuição muito importante à rede municipal", afirmou Gicélia Lira, gerente-geral de Gestão de Pessoas da Secretaria de Educação do Recife.

As professoras Niedja Lacerda, 53 anos, e Gisélia Lemos, 57, foram readaptadas após 27 e 35 anos de sala de aula, respectivamente, depois de ensinarem numa mesma escola, onde o relacionamento com os alunos e com a comunidade escolar era complicado. "Uma mãe me ameaçou na escola porque eu registrei que o filho dela faltava muito as aulas e por isso ele ia perder a Bolsa Escola. Eu não conseguia dormir direito, sempre acordava de madrugada com medo de ir pra escola. Meus alunos também brigavam muito entre eles. Comecei a ter medo por eles e por mim, uma espécie de pânico. Não tenho mais condição de lidar com  criança", contou Gisélia.

Já Niedja passou meses de licença médica até ser readaptada definitivamente. "Comecei a adoecer, a voz faltava, a pele coçava. O médico dizia que era estresse. Passei a tomar medicamento tarja preta e tomo até hoje. Nunca pensei que ia acontecer isso comigo", revelou a docente.

As palestrantes Nelma Silva Siqueira, psicóloga do Instituto Pernambucano de Práticas Educacionais e Psicológicas (IPPEP), e Vilani Batista, que é psicóloga, coach e consultora empresarial, exibiram um vídeo sobre zona de conforto, zona de aprendizagem e zona de pânico; falaram sobre hábitos que levam a resultados eficazes no trabalho e na vida; explicaram as diferenças entre vitória pública e vitória particular, além de apresentarem alguns conceitos do que é coaching.

"Coaching é um processo sistemático e colaborativo, focado em soluções e orientado para resultados. O profissional (coach) facilita a elevação do desempenho no trabalho e na vida pessoal. Quando as pessoas encontram no trabalho um significado e um propósito, não só se sentem melhores, como também as empresas obtêm mais resultados positivos porque os funcionários tornam-se mais produtivos. Mas para passar por esse processo, o profissional precisa saber o que quer e o que o incomoda", explicou Vilani.

ATENDIMENTO AO SERVIDOR - A Secretaria de Educação do Recife tem um setor específico para atender os profissionais no Centro Administrativo Pedagógico (CAP) da Secretaria, localizado na Ilha do Leite. Planejar e realizar atividades que favoreçam o fortalecimento da autoestima do professor readaptado está na pauta diária do Serviço de Atendimento ao Servidor (SAS), fazendo parte de uma política de cuidado com o professor da rede municipal. O setor acompanha os professores, orienta e também faz atividades de prevenção. 

No SAS, trabalham docentes formados em psicologia, assistência social, fonoaudiologia e direito. Qualquer profissional da rede municipal de ensino do Recife pode procurar o setor para fazer denúncias e solicitar ajuda. O SAS funciona no térreo do CAP, na Rua Frei Matias Tévis, s/n, Ilha do Leite. Os atendimentos acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.