Projeto sobre vacina de Escola Municipal do Recife é finalista na Olimpíada da Fiocruz

imagem de Paulo H
O trabalho científico "Vacinar ou não vacinar? Os efeitos colaterais do século XXI" foi realizado por alunos da Escola Municipal Octávio Meira Lins. Foto: Cortesia

Com base em dados do Plano Nacional de Imunização (PNI), com foco no Distrito Sanitário de Casa Amarela, em 2019, alunos do então 8° ano da Escola Municipal Octávio Meira Lins, localizada no bairro do Vasco da Gama, zona norte do Recife, verificaram que o poder viral das Fake News e de movimentos antivacinas estavam ocasionando uma queda de cobertura vacinal do calendário básico de imunização. A pesquisa resultou no trabalho científico "Vacinar ou não vacinar? Os efeitos colaterais do século XXI", que está entre os finalistas da 10ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz (OBSMA).

Com orientação da professora Ana Paula Freire e coorientação do professor Henrique Silva, o trabalho, que foi premiado no Projeto de Ciências na categoria Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), este ano na OBSMA, agora concorre ao prêmio nacional. O trabalho tem como proposta mostrar que é necessário o envolvimento cada vez maior da sociedade para reverter o quadro da baixa imunização provocado pelos boatos infundados e alertar para o não compartilhamento de mensagens oriundas das redes sociais. O desafio surgiu com o objetivo principal de sensibilizar as comunidades do bairro do Vasco da Gama e entorno sobre os riscos potenciais do ato irregular da vacinação.

Ana Paula Freire, orientadora do projeto, conta as origens do estudo. “O trabalho deu início por conta da baixa de vacina, principalmente em doenças consideradas erradicadas como o sarampo, por exemplo, que estavam voltando ao Brasil. Verificamos que na nossa comunidade, Alto Nossa Senhora de Fátima, assim como em todo o Recife, estavam sofrendo essa baixa. Não imaginávamos passar pelo momento atual que estamos vivendo”, explicou Ana Paula.

A partir de 2020, com o início da pandemia da covid-19, o projeto teve uma continuidade direcionada a este novo contexto. ”Esse trabalho tem uma relevância muito importante não só para nossos alunos, como para toda a sociedade, porque nós iniciamos o projeto através de uma problemática que estava atingindo não só nossa comunidade, como todo o Brasil. De 2020 para cá, com a pandemia, o projeto ganhou um novo viés de continuidade que engloba, além do movimento antivacina, movimentos anticiência. Nossa missão é o esclarecimento da sociedade sobre o mal que as fake news vêm provocando”, pontuou a professora.

Representando o grupo de amigos, Pedro Renato expressou sua gratidão. “Chegar como finalista é muito gratificante. Sabemos que nosso projeto chegou longe e está mais atual que nunca. Fazemos um agradecimento especial à Fiocruz, que está dando esta oportunidade para alunos do Brasil todo. É muito bom você saber que tem gente que apoia os estudantes, em plena pandemia, com o trabalho de iniciação científica. Quero agradecer aos nossos orientadores, que não medem esforços para nos ajudar, até fora do horário de aula. Nós somos os futuros cientistas do Brasil, é algo incrível e eu espero poder aproveitar ao máximo a oportunidade que o projeto tem a nos oferecer, porque sabemos quão importante ele é, principalmente nos dias de hoje”, disse o estudante.

Além de concorrer ao prêmio nacional da Fiocruz, o trabalho teve êxito na Feira de Conhecimentos do Recife (Fecon 2019), onde foi selecionado para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - USP/SP (Febrace).  Na Febrace os estudantes foram selecionados para o recebimento de uma bolsa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq Jovem) no valor de R$ 100 para cada estudante no período de doze meses, prorrogados até abril deste ano por conta da pandemia. Em 2020 o trabalho foi premiado também na 26ª edição da Ciência Jovem.