Sarau Cultural na Flor da Pele evidencia protagonismo da EJA e estudantes dos programas de Correção de Fluxo em evento focado na Consciência Negra

imagem de Guilherme Vila Nova
Ação foi a culminância dos diversos projetos executados pelos alunos ao longo do mês de novembro. Foto: Paulo Melo/PCR

Em um misto de palestras e apresentações culturais, estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Programas de Correção de Fluxo (Alfabetização, Aceleração e Travessia) participaram do Sarau Cultural na Flor da Pele. O evento, realizado na Escola de Formação para Educadores do Recife Professor Paulo Freire, foi a culminância de diversas oficinas e projetos executados ao longo de todo o mês de novembro pelos estudantes, que tiveram como temática principal a Consciência Negra e o combate ao racismo. 

Com base na política de ensino da Rede Municipal do Recife, que prevê a escola como um ambiente acolhedor de diversidade cultural, foram realizados trabalhos envolvendo diferentes eixos. Contos, lendas, fábulas, danças, peças teatrais, visita a museus, pintura de telas, instrumentos musicais e produções de vídeos foram algumas das atividades desenvolvidas pelos estudantes ao longo de todo o processo criativo e didático do trabalho.

O acolhimento do público contou com uma apresentação de cavalo marinho, envolvendo uma mistura de canto, dança e poesia, promovendo a rica cultura pernambucana. A noite ainda reservou uma palestra abordando o tema ‘Ressignificando a trajetória de vida através da Educação’, protagonizada pelo secretário executivo de Juventude do Recife, Marcone Ribeiro, que, entre outras coisas, dedica seu trabalho a desenvolver e implementar soluções e estratégias eficazes para resolver problemas sociais nos campos da juventude, negritude, gênero e educação nas periferias da capital pernambucana. 

“Tinha muito desejo em terminar os estudos. Foi muito prazeroso poder voltar a estudar e aprender. Na escola eu encontrei muita gente que me acolheu, principalmente os professores. Esses trabalhos motivam ainda mais. Aprendi a conviver com as diferenças, me expressar melhor e respeitar as outras pessoas e outras culturas. Para quem está fora da escola, eu mandaria voltar com urgência, porque é o melhor caminho. Não importa a idade e nem a classe social, o importante é estudar, porque nunca é tarde para aprender”, enfatizou Gilson Gonçalves, de 56 anos, que estuda na Escola Municipal Rodolfo Aureliano, localizada na Várzea. 

Enquanto o estudante falava, a professora escutava o discurso emocionada. Maria Solange de Lira trabalha há 34 anos na unidade, e há 20 anos apenas com a Educação de Jovens e Adultos. “Trabalhar com a EJA é ter muita motivação, entusiasmo, ir para a sala de aula com prazer, desenvolver empatia e se colocar no lugar desse aluno que precisa tanto da gente.  Foram muitos projetos, feitos por muitas mãos. É muito bom fazer o aluno acreditar que ele é capaz e que através do estudo ele pode mudar a realidade, assim como eu mudei a minha, porque também fui aluna da rede pública”, contou.

O encerramento do evento ficou por conta de Gabi da Pele Preta, que trouxe uma apresentação cultural de música e poesia. A artista fez um show especial, contando com a parceria de Alexandre Revoredo, que é músico, compositor, produtor cultural e arte-educador. O show envolveu reflexões sociais, cultura afro-rasileira, valorização da cultura nordestina e o empoderamento do jovem negro, e contará com participações especiais das escolas da Rede Municipal do Recife. 

Além da aprendizagem, o evento também teve o objetivo de promover o protagonismo dos estudantes da EJA e Correção de Fluxo, evidenciando-os em cada apresentação realizada, bem como fazer compreender e conscientizar sobre a importância e a influência afro-brasileira na construção da cultura do País. 

“Esse foi um momento muito importante que encontramos para fazer a socialização que foi vivenciada ao longo de todo mês de novembro. Infelizmente hoje ainda vivemos em uma sociedade em que é muito forte o preconceito racial. Então a gente quis mostrar aos nossos estudantes que a gente precisa dar um basta e um ponto final nisso. Esperamos que os trabalhos os façam refletir e replicar esse combate ao racismo na sociedade”, almeja Bruno Oliveira, chefe de Divisão da EJA. 

Fotos: Paulo Melo/PCR